Bebida alcoólica danifica células-tronco do sangue e provoca
danos permanentes ao DNA, mostra pesquisa publicada na 'Nature' desta
quarta-feira (3)
Estudo publicado na "Nature" nesta quarta-feira
(3) detalha com testes em cobaias como o álcool aumenta o risco do câncer.
Pesquisadores demonstraram que um subproduto da bebida
alcoólica, o acetaldeído, provoca danos permanentes ao DNA de células-tronco no
sangue.
O risco aumentado do consumo de álcool para o câncer é
conhecido. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) relaciona o consumo com maior
chance de câncer de boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado,
intestino (cólon e reto) e mama (pré e pós-menopausa).
A diferença com a pesquisa agora é que esse risco foi
analisado com detalhes no metabolismo de cobaias -- um avanço em relação a
estudos populacionais que chamam a atenção para a relação entre álcool e
câncer, mas não explicam como exatamente ela ocorre.
Assim, para tentar explicar a relação, pesquisadores do
Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge fizeram análise
de cromossomo e sequenciamento de DNA em cobaias que receberam altas doses de
álcool.
Com os testes, eles conseguiram observar que o acetaldeído
(um subproduto da metabolização do álcool) danifica células-tronco do sangue. A
substância "quebra" o DNA dessas células e leva cromossomos a se
rearranjarem de forma aleatória.
O achado é particularmente importante porque os
pesquisadores observaram o dano em células-tronco - como elas têm maior
capacidade de se multiplicar e de se diferenciar em diferentes tecidos,
mutações nessas estruturas são cruciais para o desenvolvimento de tumores.
Defesa insuficiente
O estudo também demonstrou como o organismo das cobaias
tentou se proteger contra esses danos ao DNA causados pelo álcool.
Cientistas observaram que enzimas chamadas de "aldeído
desidrogenases (ALDH)" tentam transformar a bebida em fonte de energia,
como se elas fossem um alimento.
No entanto, há pessoas que não possuem essas enzimas ou elas
não funcionam corretamente. Assim, quando esses indivíduos bebem, o acetaldeído
se acumula, o que aumenta a chance de danos ao material genético.
A condição é mais comum no sudeste asiático, região que
possui mais indivíduos com deficiência na produção da ALDH.
Em testes, pesquisadores observaram que o dano ao DNA chega
a ser quatro vezes maior quando a substância está ausente.
Também, segundo a pesquisa, a depender da quantidade
ingerida, o acetaldeído nem sempre é eliminado totalmente - independente se
temos ou não a enzima para metabolizá-lo.
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